segunda-feira, julho 31, 2006

A vida é assim...

Os dias, tal como as pessoas, são parecidos, mas não são iguais.
A sequência natural da manhã, da tarde e da noite, em períodos de tempo marcado não só pelos acontecimentos como pela nossa maneira de estar, torna-os únicos e irrepetíveis. Há dias tranquilos, claros, sorridentes e agradáveis e há, necessariamente, dias cinzentos, frios, desconfortáveis e horríveis. Há dias que se recordam no coração e outros há que se apagam com a borracha do esquecimento forçado e se arquivam no mais fundo compartimento da nossa reserva de memória. Também há pessoas assim: umas adoráveis, outras nem tanto e outras, ainda, nem pouco mais ou menos. No fundo, a vida exige que se viva com os dias e com as pessoas, e a forma mais inteligente de o fazer é saber aceitar as dificuldades, os erros e os agravos com sabedoria, pedindo inteligência para agir com ponderação, generosidade e tolerância.
O resto virá depois e por acréscimo, numa sucessão de dias e de pessoas que nos darão a suficiente alegria de existência.

Sophie

sábado, julho 29, 2006

Fazer Amor

Não basta um corpo e outro corpo, misturados num desejo nascido da gula descuidada, aplicada sem zelo, sem respeito, atendendo exclusivamente à voracidade do apetite.
Fazer amor é percorrer o trilho da alma, desvendando e descobrindo as profundezas, penetrando os sítios escondidos, sem pressa com delicadeza... porque a alma deve ser tocada com leveza.
As mãos deslizam sobre as curvas, como se tocassem as nuvens, a boca vai acordando e retirando gostos, provando os sabores, é o côncavo e o convexo em amorosa conjunção.
Fazer amor é nascer de novo: no abraço que aperta sem sufocar e no beijo que cala a sede gritante, na escalada dos degraus que levam ao gozo.
Vale gemer... vale gritar, porque nesse momento já se chegou ao paraíso, e qualquer som há-de sair melódico e afinado, seja grave ou agudo.
Fez-se o Êxtase! É o instante da Paz... é a serenidade!
E os amantes pisam eternidades!!!
Sophie

sexta-feira, julho 28, 2006

Coisas Bonitas

Bonitas são as coisas vindas do interior, as palavras simples, sinceras e significativas.
Bonito é o sorriso que vem de dentro, o brilho dos olhos...
Bonito é gostar da vida e viver do sonho.
Bonito é ser realista sem ser cruel.
Bonito é ser-mos nós próprios, sem máscaras,
sem falsidades, com transparência e,
principalmente com honestidade.
Sophie

quinta-feira, julho 27, 2006

Meus Delírios

Fecho os olhos
e sinto-te chegar devagarinho...
E, com um beijo apaixonado,
prendo-me aos teus carinhos.
Olhar sedutor,
boca sedenta de amor,
cheiro de prazer,
vontade de te ter!
Vou me perdendo nos teus beijos,
e aquecendo-me nos teus abraços,
inspiro-me nos teus desejos
entrego-me às fantasias.
Sinto as tuas mãos quentes a deslizar pelo meu corpo,
tua respiração ofegante...
Sinto o meu corpo tremer
e passo a delirar de prazer.
Amor selvagem!
Irresistível, apaixonado,
terno e carinhoso,
com gostinho de quero mais!
Sophie

quarta-feira, julho 26, 2006

Mãos

Existem mãos que sustentam e mãos que abalam.
Mãos que limitam e outras que ampliam.
Mãos que se abrem e outras que se fecham.
Existem as mãos que afagam e as mãos que agridem.
Mãos que ferem e outras que cuidam das feridas.
Mãos que destroem e mãos que edificam.
Mãos puras e outras que carregam censuras.
Existem mãos que escrevem para transmitir algo e mãos que escrevem para ferir.
Mãos que promovem a dor e mãos que espalham amor.
Existem mãos que se levantam pela verdade e outras que encarnam a falsidade.
Existem mãos... e mãos...
Onde está a diferença?
Não está nas mãos, mas no coração.
É a mente que dirige a mão delicada.
E agora responda-me:
As suas, quais são?
E o mais importante,
Para que são?
Já pensou sobre isso?
Sophie

segunda-feira, julho 24, 2006

Ser feliz de novo

Ouvi dizer que devemos gastar o amor. Usufruindo até ao fim.
Enfrentar os bons e os maus momentos, passar por tudo o que se tiver de passar. Sentir todos os sabores que o amor tem, desde o adocicado do início até ao amargo do fim, mas não sair da história na metade.
Sendo humana, sinto que virtudes e defeitos lutam e adoecem o amor.
Amores precisam dar a volta ao redor de si mesmo, fechando o próprio ciclo.
Isso é que nos liberta, para ser feliz de novo.
É o que desejo para mim, ser feliz de novo...
... com alguém que simplesmente não exija nada de mim além do que sou capaz de ser e dar.

E assim termino este post aparentemente sem sentido, mas que eu intimamente entendo cada palavra.

Despeço-me com um forte abraço,
Sophie

domingo, julho 23, 2006

No amor, tudo se constrói

Eu estou aqui.
No mais solitário e
reservado canto da
minha vida.
A olhar para o
computador
Enquanto a minha mente
sussurra palavras ao
teclado,
no mais discreto
improviso.
Mas, o meu pensamento
voa...
Sinto que ele pode
viajar quilómetros em
apenas alguns
segundos...
A paixão, a distância apaga.
O amor, a distância acende.
A paixão passa,
enquanto o amor
continua.
Na paixão a gente ri.
No amor, a gente também ri, sorri e, às vezes,
chora.
A paixão não tem limites.
O amor tem obstáculos.
Na paixão a gente se dá.
No amor a gente se entrega.
Na paixão faz-se sexo.
No amor, fazemos e recebemos amor.
Na paixão tudo são momentos.
No amor tudo é vida.
No amor, tudo se constrói.
Sophie

quarta-feira, julho 19, 2006

A voz do silêncio

A madrugada surpreendeu-a ainda vestida e sapato de salto.
Aproveitou para ir à varanda e olhar as folhas das árvores, completamente, imóveis.
Todos os segredos da noite só para ela.
Há olhares que são únicos. Há pensamentos castos.
Há verdades incompartilháveis.
E ela queria mesmo ficar só.
Preferia o egoísmo de querer a noite só para si.
Nada de sobejar afectos!
Era melhor aquele viver de boca fechada.
Nem sabia se estava certa nas suas teorias, mas tudo haveria de passar.
Um terço da sua mente estava ocupada com estes pensamentos.
O restante saltava por cima para contemplar a página 81 do livro que ela resolvera abrir para adiantar um pouco a leitura.
Franzia a testa, olhava firme para as letras, mas, onde estava a concentração?
Devia ser por causa da tal terça parte.
A matemática opõe-se diametralmente à leitura.
Aliás, a matemática é metálica e arranha o coração quando tenta determinar a quantidade da ilusão que resta.
Que coisa mais racional!
E quem já não se viu equacionado num "todo" ou num "vazio"?
Definitivamente, ela não aprendeu a lidar com pesos e medidas.
Fora aluna indisciplinada, derrapou na recta do conhecimento lógico e quebrou a cara porque não soube prever a velocidade de dois corpos.
Os poetas e filósofos nunca a preveniram, só estimularam:
"Tudo vale a pena se a alma não é pequena." E agora Fernando Pessoa, continuaria ela a lançar o olhar de asas sobre as árvores?
Continuaria a se conformar com Stendhal: "Possuir é nada, desejar é tudo"?
Deixou que o silêncio levemente lhe tocasse o rosto.
O silêncio que já lhe tocara antes e que lhe tocará depois.
O silêncio que só fala do silêncio.
O silêncio que é belo sem ter porquês.
É porque é. Assim é, assim seja.

Sophie

terça-feira, julho 18, 2006

Bordado

Hoje apeteceu-me bordar...
Então, peguei num pano, linha e agulha...
Queria bordar algo para ti,
resgatar a menina prendada.
Descobri que já não sei bordar,
os anos passaram, a falta de treino,
saiu tudo torto, pontos inseguros...
O que me foi ensinado,
na cultura de ser mulher,
bordados, pontos e botões a serem pregados,
nada mais sei!
Pensei e decepcionei-me um pouco...
Queria algo meu, feito por mim, para ti...
Mas, reflecti e descobri
que aprendi outros bordados,
pontos diferentes de vida, de querer,
pontos certos, certeiros, com certeza e incertezas,
pensamentos construídos firmes,
outros ainda inseguros...
Bordo sim!
Bordo a vida,
escolho cores, linhas e agulhas...
Combino,
harmonizo,
pontos faço,
desfaço...
Bordo a existência.
Sophie

quinta-feira, julho 13, 2006

Ninguém pode construir no teu lugar
as pontes que precisarás passar,
para atravessar o rio da vida
- ninguém, excepto tu, só tu.
Existem, por certo, atalhos sem números,
e pontes, e semideuses que se oferecerão
para levar-te além do rio;
mas isso te custaria a tua própria pessoa;
tu te hipotecarias e te perderias.
Existe no mundo um único caminho
por onde só tu podes passar.
Onde leva? Não perguntes, segue-o.
Nietzsche

domingo, julho 09, 2006

Se eu pudesse

Se eu pudesse escolher os aspectos, os sons e as fragâncias que, entre as coisas deliciosas da Natureza, eu mais gostaria de ver, de ouvir e de sentir, no meu último dia sobre a Terra, acho que escolheria os seguintes:
o claro e o etéreo canto das andorinhas na madrugada;
o perfume dos pinheiros ao meio-dia;
o resplendor das asas de uma borboleta, voejando ao sol;
a voz do tordo solitário e distante, na floresta sombria, ao anoitecer; e - a mais espiritual e comovida de todas as coisas - a alva catedral das nuvens flutuando serenamente no azul dos céus!
Sophie

quinta-feira, julho 06, 2006

Pedaço de arco-íris

É raro os dias terem as cores do arco-íris, tal como é raro escutarem-se concertos de vozes a embalar a nossa imaginação. E quanto ao Sol, nem sempre nos aquece a alma.
A maioria dos dias, ou pelo menos grande parte, são cinzentos, monótonos e tristes e a nossa capacidade de sobrevivência é duramente posta à prova, quer na forma como lutamos, como queremos lutar e como nos deixam lutar pelos projectos construídos nas "pancadas" da vida.
Não duvidem, há mesmo dias que batem com muita força. E aí, encontramos duas soluções: ou nos encostamos a um canto a lamentar que o mundo inteiro está contra nós ou, da força com que a tempestade nos fustiga recolhemos, por um golpe de cintura e agilidade mental, a energia capaz de vencer o desafio, deixando libertar a nossa verdadeira fibra.
As tempestades acabam por ser o cinzel que nos ajuda a moldar a personalidade e a dinamizar o talento.
Ninguém anseia por furacões, ventos ciclónicos ou somente agressivos, para saber de que matéria é feito, mas saber que os dias atribulados não são, afinal, tão perigosos pode ser uma "descoberta" interessante.
Perigosos são os tempos calmos, mornos e desesperadamente rotineiros. Aí a alma fica vadia e acomoda-se, e nada mais prejudicial do que uma dinâmica adormecida.
Não devemos recear os ventos cruzados. Eles acabam por nos fortalecer perante os desafios.

E ganhá-los é agarrar um pedaço de arco-íris!

Sophie

quarta-feira, julho 05, 2006

Tédio

Vontade preguiçosa de apanhar os meus nervos e fechar os meus olhos, como que cansada de olhar...
e dormir, mas dormir esse sono das pedras que não podem sonhar...
ser folha, folha morta, amarela, caíndo embalada pelo ar...
barco solto, sem leme, sem vela, sem nada ao sabor inconstante do mar a boiar...
Vontade preguiçosa de encostar a vida num canto,
para descansar...

E soltar-me em mim mesma, e soltar-me....

Sophie

segunda-feira, julho 03, 2006

Sofrimento

Meus queridos amigos:
Vocês têm razão!
Todos nós sofremos.
Eu já sofri muito.
Tu já sofreste muito.
Só Deus sabe o que o outro já sofreu.
Porém, esta afirmação sofre de contra-argumentação.
Sofrer é um método de aprendizagem; sofrer é viver; sofrer é saber. Como elas mordem!
O processo é simples. Um: elas mordem; Dois: nós damos um salto no ar; Três: ficámos a saber que elas mordem; Quatro: já nos podemos considerar mordidos, mas sábios!
As pessoas sofrem e dizem que sofrer faz "calo". É repulsivo. Calo?, por amor de Deus...
Passam pelas maiores amarguras e em vez de tentar esquecê-las dizem que "criaram carapaça", que isso ajuda a enfrentar melhor as agruras. Qual carapaça, qual carapaçuda; que vantagem tem uma pessoa ficar casca-grossa, insensível, género rinoceronte de olheiras?
Sofrer é uma coisa horrorosa, é igual àquilo que se sente... quando uma pessoa está na merda é que vê o que o sofrimento é: uma merda.
O sofrimento dá cabo das pessoas, vira-lhes os cantos dos olhos e da boca. Torna-os inacessíveis aos encantos do mundo que já são poucos. O sofrimento vexa, humilha, amarrota, estupidifica. O sofrimento é uma coisa que não se deve enfrentar. Não é um touro, mas... é uma coisa de que se deve absolutamente fugir.
Sou totalmente cobarde no que toca ao sofrimento. Não aguento. Dói demais. Quero que se lixe. Nem quero pensar nisso.
O sofrimento é um nojo. Tudo o que dói faz mal. O sofrimento é uma doença, uma constipação da alma, uma coisa para esquecer.
Temos o dever de nos alegrarmos; a nós próprios e uns aos outros. Isso é que é um dever.
A sinceridade é uma coisa gratuita; alegrarmo-nos é uma missão heróica, quanto mais fingidamente, melhor...

Sorrir é mandar os cantos dos lábios para o curso das lágrimas descendentes. A boca é uma barragem. O coração é uma coisa simples. Sofrer é ficar ferido. As cicatrizes são todas feias. É melhor não ser nada; é melhor não ser feliz do que sofrer.
É isso o que se pensa, quando se respeita verdadeiramente o sofrimento.

Beijinhos,
Sophie