sexta-feira, fevereiro 29, 2008
segunda-feira, fevereiro 18, 2008
Tango
Procurava nele todas as palavras aprendidas, todos os modos de expressão. E se hoje ele lhe falava seguramente de amor, amanhã rendido ao tempo garantia-lhe que tudo não tinha passado dum engano.
Num beijo dava-lhe promessas de sentimentos e desejos correspondidos, para logo depois a repelir, afastá-la do seu caminho, devido à ameaça de a sentir demasiado próximo.
Como se de uma dança se tratasse, na passagem de um tango rubro de desejo e sedução para um solo alimentado de medos. Como se a paixão do tango fosse reveladora demais, como se a proximidade dos corpos e dos olhares pudesse galgar os seus limites e o deixasse exposto e à mercê de sentimentos que não estava disposto a reconhecer em si.
E ela, balançava nesta ambivalência de sentimentos, neste seu tango de paixão latente e aprisionada. E ele, brilhava nesta sua dança promíscua de afectos, onde se insinuava para logo depois se afastar altivo e arrogante.
Erguia os olhos e traçava a sua perna na dela, colando o seu corpo sedento ao dela que o fazia pairar em compassos de um erotismo rubro. As suas mãos ao longo do seu corpo, puxando-a para si para seguidamente a rejeitar pela proximidade desejada e temida.
Prostrado no chão soluçava desejos, aceitou a chegada estendendo-lhe a mão. Ela ergueu-o, puxou-o para si, despiu-o de receios revelando-lhe que a nudez dos afectos não é ameaçadora, mas sim um pedido de refúgio, um encontro de nós mesmo no outro.
sexta-feira, fevereiro 15, 2008
quinta-feira, fevereiro 14, 2008
segunda-feira, fevereiro 11, 2008
sexta-feira, fevereiro 08, 2008

Um homem e uma mulher que tinham olhos e coração e fome de ternura e souberam entender-se sem palavras inúteis.
Apenas o silêncio.
A descoberta.
A estranheza de um sorriso natural e inesperado.
Não saíram de mãos dadas para a humanidade diurna.
Despediram-se e cada um tomou um rumo diferente, embora subterraneamente unidos pela invenção conjunta de um amor subitamente inesperado.