Música Interior

A madrugada pousa fresca e monótona sobre o respirar do vento que inspira vida à noite.
Insone, recordo ocasiões que nunca aconteceram e que, no entanto, desfilam na minha lembrança, tão vivas quanto outras reais que, talvez, jamais se repitam.
É que costumo brincar com o tempo e, na pintura desses factos ocorridos no passado, matizo outros jamais vividos para compor um presente mais colorido, enquanto aguardo o inesperado que o futuro me reserva.
Divago no silêncio frio e não estou só: a música é a minha companhia.
No momento, ouço - Chico e Jobim - com um quarteto de cordas... e sinto-me levitar. Nada pode descrever com precisão a lindeza da voz em consonância com os murmúrios quase humanos dos violinos e do violoncello. Ah! Deus existe!
Enquanto isso, o céu violeta faz a noite cismar com o dia. Os meus olhos começam a pesar sonolentos. Sei que, ao adormecer, vou sonhar com essas cordas todas - vocais e instrumentais - conversando entre si num diálogo pleno de harmonia que se evaporará de mim, musicalmente, pelo céu do amanhecer.
4 Comments:
A música ajuda-nos (ao nosso Eu interior) a compor um presente mais colorido, sem dúvida alguma! Um beijinho grande.
ou seja, já temos música interios?
beijos
Gosto de te ler. E, especialmente, gosto de perceber que da tua pena fácil, saiem hoje textos que, embora emocionais, são bastante menos impulsivos.
Um abraço
Muitas vezes ouso dizer: tenho saudades de tudo o que não vivi! Parece absurdo mas não é. É o poder do sonho, do ideal, da fantasia...e todo este poder acompanhado pela melodia faz-nos levitar.
Um beijo
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