Sentir
- Ensina-me a sentir - disse ele.
- Não queiras sentir - disse-lhe eu.
- Sentir queima. Sentir seria bom se tu fosses forte. Prefiro ensinar-te a dançar.
E ensinei-o a dançar na vida.
E ele aprendeu rápido. E dançava com violência quando via o medo.
E dançava suavemente ao fazer amor.
Dançava ao adormecer quando triste ou angustiado.
Dançava e nada lhe tocava o coração.
Nunca gozou da plenitude da paixão, nunca sofreu o incómodo da tristeza profunda, que
não larga o espírito, que corrói.
Não o ensinei a sentir, porque eu sinto demais.
Não sei se fiz bem.
Sou muito feliz e muito infeliz.
Sem o saber, ele é apenas feliz.
E como não sabe, talvez não seja nada.
Ou talvez não exista.
Sophie
posted by Sophie at quinta-feira, agosto 31, 2006
9 Comments:
Adorei a imagem e o sentir...
Beijinhos :o)
O problema Ana, é que existem coisas que não se ensinam... E amar alguém é uma delas... Ou se ama ou não, não se aprende, como se aprende a dançar. Mas talvez ele saiba e tu julgues que não...
Beijo de amiga
...apenas feliz
:)
ser, apenas.
Vim rever-te e anunciar-te que o InteriorNorte reabriu portas e janelas!
Aguardo tua visita!
Volatrei em breve para te ler e comentar!
Um doce beijo.
Paulo:
Delicio-me com a tua escrita.
Voltáste e bem!
...ou talvez nem dance sequer.
Um grande beijinho querida A.
um homem sem sombra, sem rasto. (também não serve para nada...)
Fica bem e um beijo para ti
A melhor coisa na vida é amar; a segunda é ter alguém que nos ame; e a terceira é quando as duas acontecem ao mesmo tempo.
Desejo-te um bom fim-de-semana.
Um beijo.
Quem sente? Ou o que sentimos?
Também não sei
E também não sei como se ensina a sentir.
Também não sei como se ensina a abrir os olhos à nascença, ou a dar o primeiro grito, a dar a primeira golfada de ar.
Efectivamente não sei, e não me importo porque está em nós como marca indelével esse sentir.
O mais aprendemos tranquilos ou forçados, uma espécie de marés cíclicas ora quentes ora frias.
Enquanto isso, sabes. Gira o mundo reciclando-se em contínuo, e nós o centro de tudo, o início e o fim de tudo, enquanto isso, vivemos, só!
Beijo com mar e sentires plenos
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