quarta-feira, outubro 17, 2007

Quantas linhas são precisas para se escrever o que se quer dizer?

Uma chávena fumegando.
No ar vazio, ergue-se a espiral imperfeita de pequenas gotículas indistintas, desenhando no ar um calor que embacia os olhos...
E aquele aroma quente... chocolate.
Diria amargo.
Porém, talvez de uma doçura ímpar; difícil de tocar, nem que ao de leve, pelos lábios mais desatentos.
O quadro pintado de uma realidade acontecida sobre uma mesa tosca, num dia sem número, numa manhã, ou tarde ou noite sem hora certa.
A tela passada.
Sem registo do que viam os olhos aquecidos pelo sabor sem igual.
Sem registo da conversa que não aconteceu.
Sem memória do acorde que flutuava.
Sem nada, afinal.
E com tudo para poder ser mais do que nada.
Muito mais.

3 Comments:

Blogger ...HOJE.SOU.A.PAULA said...

"E com tudo para poder ser mais do que nada"

Estrondosa esta frase. Dizes tanto com tão pouco Amiga.

Ao relê-la pergunto-me, será que há o tudo, ou apenas uma parte?!

Sabes quanto me dói neste momento pensar nisto, mas na verdade, acabo por reconhecer, que na maioria das vezes, apenas existe a parte, a metade. Que estamos sózinhas numa "luta" desleal pela falta de coragem dos outros.

Amiga, só tu podes entender o porquê de tanto descrédito, o porquê de tanta confusão na minha cabeça, o porquê de tanta dor.

Beijinho Amiga. Obrigada por estares sempre presente.

quarta-feira, outubro 17, 2007  
Blogger Angel said...

Muito bom...n�o sei bem o que comentar...deixou-me a pensar...desejos de uma boa noite...com ou sem Sonhos..hoje n�o me importo muito...

quarta-feira, outubro 17, 2007  
Blogger joão marinheiro said...

Às vezes acontece assim não é? Tudo para acontecer de mais e acontece de menos. Até o chocolate fica agarrado às bordas da chávena espesso, frio, sem graça. Até parece que ele se quis agarrar ao momento. Depois olhamos em volta, e os olhos não vêem, quer dizer, vêem, mas não vêem. Tu entendes? È verdade que num dia assim, o dia não tem data, nem dia da semana, nem mes acontecido, a mesa pode ser o mais feia possível, ou uma obra de arte da arquitectura moderna. Que é que tudo isso interessa, se tudo é acessório. Se o mais importante não é, agora, no momento presente...

Abraço daqui, enquanto recordo também uma mesa de café difusa...

quinta-feira, outubro 18, 2007  

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