E de mim tenho a ténue imagem de resignação. De silêncio. Assim te tive.
De ti não vou guardar nada que não deixes. Isto porque as coisas que tenho são minhas, neste momento. Deixaram-te, ultrapassaram-me de uma forma que não conheço e juntaram-se a outras cicatrizes que passeio, com o meu corpo. Não sei o tempo que passou desde a última vez que vieste aqui, nem sei sequer se, depois disso, retornaste a este lugar onde agora estou. Se vieste, perdoa. Olho em volta mas de ti não há sinal, logo não consegui perceber que o teu perfume rondava no ar. Talvez a minha doença seja essa: não saber quando estás ou quando partiste. Não ter a certeza definida de que os teus passos ladeiam as minhas memórias e que, no chão, se estendem cobertas e lençóis. Permaneço de pé, para que seja diferente, para que as semelhanças não me façam deitar novamente, de face encostada à almofada, e sentir que, ali, nada mais importa. Mas a meia-noite passou. Fiquei surpresa com a velocidade a que as memórias nascem, crescem, fornicam, morrem e deixam pó nos olhos.
E de mim tenho a ténue imagem de resignação. De silêncio. Assim te tive.
6 Comments:
Intensas as tuas palavras, a rasgarem por dentro para que, da dor, o corpo se erga rejuvenescido.
Abraço grande, daqui, no mar das memórias
Mostras bem os teus sentimentos que são bem sentidos.
ZezinhoMota
gostei!!! um texto muito bem conseguido.
Tento regressar. Também a nós minha amiga.
Beijo querida Ana.
Ainda a regressar aos poucos. Um bom texto. Um beijinho, RS
...ou pensaste ter!
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