Deus a fugir dos nossos dedos
Vive em mim uma mulher mística que ama deus. Vive em mim uma mulher rasgada de seiva que odeia deus. Vive em mim uma mulher que não sabe a quem amar ou a quem odiar.
Se eu pensasse numa banda sonora para a minha vida, ela teria deus a sorrir-me nas notas musicais. Se eu pensasse na minha vida, no grosseiro correr dos dias e das desilusões, ela seria um piano desafinado que ninguém toca há imenso tempo e que morre abandonado num sótão poeirento.
Porque deus gosta de se esconder de mim nos momentos mais agudos da minha existência.
Olho pela janela e vejo um arco-íris sorridente que desenha no céu o sorriso de deus que nunca me acariciou os cabelos quando gemo o seu nome.
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