Ela
Ela tinha o dom de lhe roubar as palavras, como se fosse mesmo possível roubar as palavras a alguém. Mas Ela conseguia. E fazia-o com um sorrisso tão natural que ninguém acreditaria que pudesse de facto roubar.E ele sorria, envergonhado, por não ter palavras para dizer. Então, Ela, já sem sorriso, mas com os olhos de desejo, pedia-lhe para fazerem amor. Ele sem palavras, beijava-a como se dissesse sim. E então, o mundo eram eles. Ele dizia que a adorava muito. Eram felizes, muito felizes, até um dia.


3 Comments:
Talvez ele tivesse ido porque não conseguia dizer nada do que sentia; talvez o desejo dela murchasse nos olhos, e ele não conseguisse perguntar porquê. Talvez ela não soubesse o que fazer com todas as palavras quando o desejo se cumpria. Talvez o discurso, o gesto, o desejo e a felecidade sejam notas de uma mesma pauta, sempre em linhas diferentes, condenados à musica, e portanto à consonância, e portanto à dissonância...
Talvez a maior queda foi Ela saber que Ele era outro, que não Ele...
Talvez... um desejo de mais...
Um beijo meu e um XI
"...até um dia."
Há sempre um dia.
Um abraço
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