quinta-feira, março 08, 2007

Ela

Ela tinha o dom de lhe roubar as palavras, como se fosse mesmo possível roubar as palavras a alguém. Mas Ela conseguia. E fazia-o com um sorrisso tão natural que ninguém acreditaria que pudesse de facto roubar.
E ele sorria, envergonhado, por não ter palavras para dizer. Então, Ela, já sem sorriso, mas com os olhos de desejo, pedia-lhe para fazerem amor. Ele sem palavras, beijava-a como se dissesse sim. E então, o mundo eram eles. Ele dizia que a adorava muito. Eram felizes, muito felizes, até um dia.

3 Comments:

Blogger paulo said...

Talvez ele tivesse ido porque não conseguia dizer nada do que sentia; talvez o desejo dela murchasse nos olhos, e ele não conseguisse perguntar porquê. Talvez ela não soubesse o que fazer com todas as palavras quando o desejo se cumpria. Talvez o discurso, o gesto, o desejo e a felecidade sejam notas de uma mesma pauta, sempre em linhas diferentes, condenados à musica, e portanto à consonância, e portanto à dissonância...

quinta-feira, março 08, 2007  
Blogger Sophie said...

Talvez a maior queda foi Ela saber que Ele era outro, que não Ele...
Talvez... um desejo de mais...

Um beijo meu e um XI

quinta-feira, março 08, 2007  
Blogger Um Poema said...

"...até um dia."
Há sempre um dia.
Um abraço

segunda-feira, março 12, 2007  

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