quinta-feira, janeiro 18, 2007

É nestas alturas que me lembro



É nestas alturas que,

quando a lua toda transpira nos vidros do carro e o sol reaparece a transbordar do cinzeiro,

me lembro que sou feita da mesma carne que todos os homens e que qualquer falta pode ser fatal, capaz de, num encantamento, roubar pedaços de integridade.

Pois se quando partimos para longe de tudo voando para um qualquer mundo distante e abrimos as asas seguros de nós próprios, rindo da solidão que deixou de existir,

vem o destino (ou qualquer outro em que deixámos de acreditar) e desfaz a volatilidade obrigando-nos a recordar, mesmo só por um instante, que somos carne e sangue e artérias que pulsam em labareda,

esta matéria estranha que arde com um olhar,

e faz o coração disparar num segundo maior que a eternidade.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Não te esqueças Ana...
Eu lembro-me constantemente...
Não me esqueço. De nada. Especialmente de ti.

Beijo de lembrança

quinta-feira, janeiro 18, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Tão lindo, Sophie! Apetece aninhar e deixar que fique a segredar-nos vezes sem conta ao ouvido. Em segredo.

Obrigado.

sexta-feira, janeiro 19, 2007  

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