sexta-feira, junho 16, 2006

Almofadas no Chão

Por mais que os anos pareçam pesos acrescentados à nossa bagagem, nós nunca esquecemos uma caixa cheia de brinquedos.
Ainda que a nossa alegria de hoje não seja a mesma dos primeiros anos, jamais será possível esquecermos como era sorrir sem medo de ser feliz.
Se hoje nada mais me espanta, após tantos desapontamentos, por certo nunca esquecerei o espanto e o prazer que senti quando descobri que o Pai Natal era o meu pai.
Embora a solidão tantas vezes me assalte, em certos momentos, lembro-me como era bom ficar sozinha a falar com os meus amigos invisíveis para "gente grande".
Se hoje, nos dias de lazer, em praias ou campos, eu me penetencio todo o tempo para não me sentir ridícula, é precisamente nesses dias que eu recordo como já foi bom andar sem vestes, inocentemente, e sem sentir vergonha.
Por mais que o tempo passe, eu sou uma criança e sempre serei.
Agora, eu estou aqui, crescida, sofrida, cheia de boas e más experiências, de vivências que me ajudam a prosseguir, mas lá no fundo, bem lá no fundo, eu sei que o alguém que mais tinha a ensinar-me era a criança que eu mandei ficar quieta, comportada, sentada num cantinho não podendo abrir a boca sem pedir licença.
Acho que está na altura de libertar essa criança, de a libertar para me libertar.
Não me vou importar com o que os outros possam pensar, pois eles também são crianças e sempre serão.
Vou sem medo de cair, porque como já dizia a minha avó, às crianças Deus coloca almofadas no chão.
Beijos,
Sophie

1 Comments:

Blogger Um Poema said...

Este, eu vou comentar. Apenas para dizer que, sabedoria de avó é sabedoria incontestada e incontestável, por ser feita de anos de vida que, quando somos crianças, nos parecem ser tantos como a eternidade, mas que, quando somos avós, nos parecem tão poucos.
Um abraço

terça-feira, junho 20, 2006  

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