quinta-feira, junho 15, 2006

Não nos contaram

Hoje vou falar de sacanagens. Mas nada de ménage à trois, sexo selvagem ou práticas perversas, sinto muito.
Pretendo, sim, falar das sacanagens que fizeram com a gente.
Fizeram-nos acreditar que amor mesmo, amor pra valer, só acontece uma vez, geralmente antes dos 30 anos.
Não nos contaram é que o amor não é accionado, nem chega com hora marcada.
Fizeram-nos acreditar que cada um de nós é a metade de uma laranja e que a vida só ganha sentido quando encontramos a outra metade.
O que não nos contaram é que já nascemos inteiros e que ninguém em nossa vida merece carregar nas costas a responsabilidade de completar o que nos falta: pois nós crescemos através de nós mesmos. Se estivermos em boa companhia, é só mais agradável.
Fizeram-nos acreditar numa fórmula chamada "dois em um", duas pessoas que pensam igual, agem igual, que isso é que funcionava.
Não nos contaram é que isso tem um nome: anulação.
Fizeram-nos acreditar que o casamento é obrigatório e que desejos fora de hora devem ser reprimidos.
Fizeram-nos acreditar que há sempre um chinelo velho para um pé torto, só não disseram é que existe muita mais cabeça torta do que pé torto.
Fizeram-nos acreditar que só há uma fórmula de ser feliz, a mesma para todos e aqueles que escapam dela, estão condenados à desgraça.
Não nos contaram foi, que estas fórmulas dão errado, frustam as pessoas, são alienantes, e que podemos tentar outras alternativas.
Ah, nem nos contaram que ninguém nos vai contar!

5 Comments:

Anonymous Anónimo said...

...pois não.

mas se neste momento temos consciência do ser assim,porque não começar a dizer como é a quem merece.comecei faz tempo com meus amigos mais novos,meus amigos que agora começam a sofrer por não entenderem que vivemos entre egoísmos,jogos,conquistas e ilusões.
...talvez seja díficil continuar mas talvez seja a vontade de querer acreditar que se pode ser sempre um pouco mais feliz que nos faz andar em frente,que não nos deixa desistir de tentar,de sentir que sempre nos poderemos voltar a apaixonar.esperança.

querida Sofhie
...deixo-lhe um grande abraço meu.

quinta-feira, junho 15, 2006  
Blogger José Manuel Dias said...

LIndo. Dá que pensar...

quinta-feira, junho 15, 2006  
Blogger Janelas da Alma said...

Olá Sophie, obrigado pela tua simpática visita!

Tens aqui um tópico interessantíssimo, e muito bem apresentado!...Esta história das coisas que se fazem com a vida, ou que nos impinjem que se devem fazer, não porque fazem sentido mas porque são consideradas tradição, são cá uma chatice e um atraso de vida!...Está na altura de quebrar o molde e a tradição, e alterar o que é necessário para sermos felizes, certo?
Gostei mesmo de vir aqui!

Beijinhos,

Nuno Osvaldo

sexta-feira, junho 16, 2006  
Blogger Terra e Sal said...

Interessante o "pensamento" e desculpe a minha "entrada".

Resumindo:
Parece que para sermos "felizes" só nos moldes convencionados pelos "velhos" do Restelo.

Depois criticamos os comportamentos afegãos,particularmente os tallibans, com os seus princípios primários e retrógados.

Não seremos por acaso todos nós um bocado isso?
Será que a natureza não nos dotou de cabecinha para sabermos o que queremos e não precisarmos de dar satisfações aos outros?

Devemos viver e procurar ser felizes.
Ou então,em alternativa, é vivermos infelizes para que os outros se sintam felizes com os nossos comportamentos.
Temos de optar, a decisão é sempre nossa.

Complicada a vida, e nós também ajudamos um bocadinho, convenhamos.
Tem um Blog muito interessante.
Parabéns*

Cumprimentos.

sexta-feira, junho 16, 2006  
Blogger Um Poema said...

Fizeram-nos acreditar sim. Mas nós quisemos acreditar também. Depois... Depois é o ruir da crença, a realidade nua e crua. Ainda assim, enquanto acreditàmos, vivemos, anulámo-nos, rebelámo-nos, sorrimos echoràmos. Mas seguimos em frente.
Um abraço

terça-feira, junho 20, 2006  

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