quinta-feira, novembro 30, 2006

Sentimentos que vazam sob a forma de tinta no papel

Deito-te na mesa
com as palavras
e dispo-te das frases feitas
que lês nesses teus livros.
Arranco-te essas
defesas vocabulares
e transformo-te num conto
poético de final feliz.
Rabisco cada frase no
papel da tua pele
e copio para o teu olhar
o desejo que nela escrevo.
Leio no fim,
em voz alta
o poema que o teu corpo
passeia para mim,
e adormeço contigo
na paz das palavras.

quarta-feira, novembro 29, 2006

Viagem


viagem
esta vida é uma viagem
pena eu estar só de passagem
A vida é uma grande aventura da qual não sairemos vivos.
Incenso fosse música
Isso de querer
ser exactamente aquilo
que a gente é
ainda nos vai
levar além
Amor, então,
também acaba?
Não, que eu saiba.
O que eu sei
é que se transforma
numa matéria prima
que a vida se encarrega
de transformar em raiva
Ou em rima.

terça-feira, novembro 28, 2006

Quase...breve... momento...


Uma quase vontade

Um quase movimento

Num breve sonho de superfície

Na travessura de um momento.

segunda-feira, novembro 27, 2006

Assim


Sai de dentro de mim
Seria esse o meu fim?
Ou iria eu de encontro
Ao meu reencontro?
Por caminho tão incerto
Fiquei sem rumo,
Numa busca delirante,
Momento tão cruciante.
E fui em busca do meu eu,
O caminho era tão breu.
E num desânimo tão profundo
Sentei-me ao pé do mundo.
Não havia flores, nem cores,
Estava envolta em dores,
Peito estraçalhado,
Coração dilacerado.
De repente um vento forte,
Parecia anunciar-me a morte.
E sem pestanejar,
A ela me resolvi entregar.
E foi assim que eu disse adeus,
Aos dissabores meus.
Assim eu renasci,
Assim me fiz feliz.

sexta-feira, novembro 24, 2006

Somente ser


O relógio persegue o tempo
sem nunca alcançá-lo, entretanto.
O instinto induz-nos a vencer
(sei lá o quê!).
O passado é a experiência adquirida
(qual?).
O futuro a Deus pertence
(será?).
Mas a própria verdade é somente ser
E o presente é estar agora
Viver intensamente
o instante de viver.
E basta!

quarta-feira, novembro 22, 2006

Corpo e alma


Diante da minha realidade
aceno para os sonhos.
A minha sensibilidade
não tem densidade para evitar
a desagregação
e a inevitável explosão
de mim...
Nenhum mistério.
Deprimida
(sinónimo de lúcida)
carente de afecto,
abriguei-me no meu interior
e morro de frio...
Sinto no físico
o que a minha alma suporta...

terça-feira, novembro 21, 2006

Sem receios de me ver

Sem receios de me ver,
fixei o meu olhar no espelho maleável,
que o meu corpo reflectia sem filtros e em ondas suaves, mas melancólicas, que me mostrava as alterações do tempo, que passou sem eu o perceber.
Senti-me envolver em doces recordações.
Ora pintura artisticamente pincelada, ora fotografia a preto e branco desfocada.
É assim que me revejo.
Nesta roda viva de emoções, que foram trinta e seis anos passados, vividos e almejados. Sorrindo, chorando, contemplando cada dia... esta vontade inesgotável de seguir o trilho do renascer, que me permite continuar a sonhar, até que a tinta desapareça do meu quadro, até que a imagem se apague.
Mas... ficará certamente a mensagem, da existência merecida, de alguém que soube amar e que soube convictamente perder.
E hoje, sinto-me feliz,
porque o meu espelho reflecte-me tão transparente,
mas tão eu mesma.

sexta-feira, novembro 17, 2006

...


... estranho mundo onde vivemos...
nada se realiza como desejamos e vivemos opacos, como mortos de sonhos e esperanças...
ahh se eu soubesse viver... nunca choraria.

terça-feira, novembro 14, 2006

Passo em frente



Acreditar em algo e não o viver...

... é desonesto.

Nem sempre se acerta

Nem sempre se encontra

Mas, que fique a certeza de que

Valeu a pena esse passo em frente

E que nada é desonesto quando se procura amar

... simplesmente amar.

domingo, novembro 12, 2006

A ti Amiga



Sentada escutava e olhava-te embevecida, as tuas palavras pareciam uma melodia. Em suaves entoações descrevias momentos de paixão que te preenchiam e te faziam sentir a mais sortuda das mulheres. A tua face irradiava... uma luz brilhante, os teus olhos um fogo incandescente e desejei ver-te sempre assim.
Dei comigo a rir, a partilhar cada segundo da tua história, a suplicar que toda a tua felicidade fosse a História interminável...
Que esse teu sublime encantamento, de dádivas e entregas tuas e dele, plenas, te fizessem sempre rir e falar como estavas hoje, supliquei directamente ao coração, daquele anjo enorme que de todos cuida, que não deixasse que nada nem ninguém te tirasse desse sonho, que te deixasse navegar nessa ondulação terna, que te adormece as dores e te trás para o paraíso onde dizes estar. E desejei ter o poder de te conceder esse desejo... seres sempre amada e desejada como te sentias hoje.
Amiga, que os deuses te aconcheguem, te escolham como deusa... e te permitam amar desesperadamente e na mesma medida seres sempre correspondida.
A ti Amiga de sempre, impossível de igualar um beijo muito doce!

sexta-feira, novembro 10, 2006

Anjo caído



E eu acreditava... deixava que assim fosse.

E depois, depois continuava a sonhar.

Mesmo quando a distância era silêncio.

Quando o silêncio era saudade.

Quando as saudades eram as horas que não te ouvia.

E foi assim que me deixei enredar.

Numa história diferente, em momentos especiais.

Era verdade minha, a cumplicidade.

Mas agora vejo a ilusão do meu caso.

Sonhadora... intensamente,

Intemporal.

Uma aventura entre um anjo e um humano.

Um anjo que teve a coragem de largar as suas asas, para tentar ser igual...

Quando achou que estaria ao lado de alguém que o compreenderia.

Apercebeu-se da sua condição de ser solitário e já não conseguia voar.

Não lhe era mais permitido sonhar...

Perdeu as asas por acreditar.

Acordou do sonho amar.

Aquele ser sem rosto, que sem pudor lhe roubou o encantamento...

e sozinho ficou.

Um anjo caído sem asas para voar.

quinta-feira, novembro 09, 2006

sábado, novembro 04, 2006

Dúvida


Quem serei?
Aquela que morre de amor, ou a que enfrenta e rebate pretendendo provocar a ira na ânsia de conseguir uma reacção?
Qual será a preferida?
A humilde que implora ou a "cheia de si" que determina?
Nenhuma das duas, talvez!
Mas aquela que acalma - a de sempre:
a que doa sem nada receber;
a que adora sem dizer;
a que chora sem confessar;
a que arde no frio e se arrepia no calor;
a culpada sem culpa nenhuma;
a que é ferida, sangra e não tem quem a cure;
a "comum" que não deixa lembranças;
a que perdoa o que não há para ser perdoado;
a que pede perdão pelo que nem fez;
a que escreve por solidão;
a que espera sem esperanças...

quinta-feira, novembro 02, 2006

Eu quero... voltar a tocar na vida

Eu hoje, queria poder não tocar na vida. Silenciar sentimentos e razões. Andar desarmada pelos passeios do contentamento e nenhum arranhão me alcançar.
Ignorar as faces que, esperançosas, rogam o lume do meu amparo para clarear os seus breus, e só pensar em mim.
Permitir-me o desatino de negar o gemido do espasmo e sair estouvada, pela noite fria - solta de todas as amarras.
Recuperar os anos que desperdiçei na sombra a sanar aflições alheias e, ao invés, perseguir lúcidos ideais. Desenterrar os meus desejos esquecidos, cravá-los e esmagar a sangue-frio as impossibilidades que os impediram de se tornarem fundamentais realidades.
Desfazer-me das temidas incertezas e arrasá-las acorrentadas, às prováveis perdas.
Sorrateira, penetrar a inconcebível névoa que encobre os disfarces dos desdéns e desapegá-los, um a um, da cara que os veste.
Corajosa, mergulhar nas ondas furiosas da existência, embater contra os rochedos e partir-me em mil tábuas que não salvarão ninguém.
Recolher os meus pedaços espalhados pela brisa da credulidade, juntá-los todos na beleza luminosa que guardei, e condenar a minha incabível gratidão pelo que não houve ao extravio do nada.
Revertendo o tempo, livrar-me de afeições que julguei conquistar em doações vãs e doçuras inúteis.
Dissolver nas brumas do abandono a nobreza generosa da alma entregue a seres sem merecimentos. Ao falso carinho do olhar que ganhei, devolver outro, vindo da profundeza do desprezo mais sincero.
Apoteótica, voltar a tocar na vida; brandir todos os sentimentos em sinfonia e, vitoriosa, enfim, enlear-me no viril e sublime azul que afaga todos os recomeços.

quarta-feira, novembro 01, 2006

O nosso tempo

Tempo que ficou lá atrás no tempo, mas que bate à porta da nossa lembrança... bem aqui no nosso presente...
Tempo que se tem, quando se quer o tempo todo...
Tempo que nunca existe, quando não se quer...
Tempo que se tem, mesmo quando se diz "não tenho tempo"...
Tempo que nunca chega...
Tempo que se vai embora e não volta...
Tempo de dizer "acabou o nosso tempo"...

... e no dia seguinte, ela não acordou. Dessa vez não houve mais tempo.
E o engasgo dolorido daquele momento negligenciado foi levado por aquela que se foi... e amargurado para sempre dentro do coração daquela que ficou.
Sophie